terça-feira, 21 de setembro de 2010

Para uma preservação correta dos tecidos enviados para estudos histopatológicos

Qualquer tecido derivado de animal ou humano inicia um processo de putrefação imediatamente após a retirada do corpo. Esta decomposição da matéria orgânica acontece pela ação das próprias enzimas teciduais liberadas ou pela ação de microrganismos. Diversos métodos têm se utilizado para limitar ou evitar temporariamente este processo e no caso dos alimentos é comum o uso da refrigeração.

Para o caso de estudos histopatológicos é necessária a total preservação dos tecidos impedindo o início do processo de putrefação. É imprescindível que as células não estejam deterioradas e se mantenham íntegras para que possa haver uma interpretação de anormalidade ou normalidade neste estudo. A destruição tissular impede qualquer interpretação histopatológica.

Para tal, é necessário submergir os tecidos retirados em líquidos conhecidos habitualmente como “fixadores teciduais” que impeçam o processo e os preserve. De todos os propostos, o formol ou formalina tamponada ao 10% é o melhor e mais barato. Permite a utilização de diversas técnicas, inclusive as imuno-histoquímicas, e preserva os tecidos por longos períodos.

Para uma técnica de qualidade, é necessário que a amostra seja colocada no formol imediatamente depois de retirada (em menos de 30 minutos), permanecendo nele por não menos de 2 horas e não mais de 48 horas.

É fornecido pelos fabricantes em solução dita “PURA” que uma solução do gás formaldeído em água, numa concentração de 37 - 40%.

Esta solução é muito forte e “queima” os tecidos em vez de preservá-los.

Para fazer a solução de uso, o formol puro deve ser diluído 10 vezes (ou 1/10). Este formol 10% terá uma concentração de 4% do gás formaldeído em água. Se esta concentração de uso de formol ao 10% variasse entre 8 e 12% não haverá problemas na fixação tecidual, mas variações maiores irão provocar graves danos aos tecidos.

Como preparar a solução de uso.

Colocar uma parte deste formol puro (solução do gás formaldeído em água em concentração de 37 - 40%) e acrescentar 9 partes de água de torneira, preferencialmente filtrada (não precisa ser água destilada).
Assim sendo, para preparar:
- 1 litro de formol de uso: colocamos 100 ml de formol puro e acrescentamos 900 ml de água.
- 5 litros de formol de uso: colocamos 500 ml de formol puro e acrescentamos 4,5 litros de água.

No rótulo da garrafa, do galão ou do garrafão onde preparamos o formol diluído para uso, deve estar escrito:

FORMOL PURO DILUIÇÃO A 10% V / V ou

FORMOL 40% DILUIÇÃO REAL A 4% ou

FORMOL 37% DILUIÇÃO REAL A 3,7%

No caso de formol fornecido pelo fabricante com rótulo indicando “formol a 10%”, antes de colocar em uso é necessário solicitar informações sobre concentração real, já que pode ser 10% do gás formaldeído equivalente a 25% de diluição volume/volume o que irá danar gravemente os tecidos.

Volume de fixador para uma boa fixação.

O volume de fixador necessário para uma boa fixação é de 10 vezes mais que o volume do material a ser fixado.
Assim, fragmentos de tecido que representam 10 ml precisam 100 ml de formol.
Um útero de 60 g (30 ml de volume) precisa aproximadamente 300 ml de formol.
Lembrar que o formol penetra os tecidos numa taxa de 1 mm por hora até uma profundidade máxima de 1 cm. Uma cavidade fechada como a uterina não será fixada a menos que se abra a peça e se permita o ingresso do fixador na cavidade.

O que significa “tamponado”?
As soluções tamponadas ou solução tampão são aquelas que resistem às variações do pH pelo acréscimo de sais básicas ou ácidas.
Tamponar o formol diluído para uso é estabilizar o mesmo num pH equivalente ao do organismo humano, quer dizer a pH 7,2.

Referência bibliográfica:
Rosai J. Surgical Pathology. 9th ed. St. Louis: Mosby, 2004, pp. 27-29.