A ideia de grau histopatológico (GHP) nos tumores malignos já estava esboçada nos trabalhos de Virchow e de von Hansemann(1) mas foi Broders quem em 1920 correlacionou a falta de diferenciação tumoral com a evolução clínica(2)(3). Já a aplicação deste conceito ao câncer de mama foi iniciada por Greenhough, do Massachusetts General Hospital em Boston, em 1925.
Estimulado pelos trabalhos de Broders, ele foi o primeiro a avaliar histologicamente o grau, e todos os subsequentes métodos de avaliar o GHP surgiram do seu trabalho original(4).
Foram Patey e Scarff, no Middlesex Hospital de Londres, em 1928, que deram ênfase à formação tubular e ao pleomorfismo nuclear, sendo o número de mitoses considerado de menor importância. Foram definidos três graus de malignidade: baixo, moderado e marcado(5)(6), com uma clara correlação entre estes graus histopatológicos e sobrevida(7).
O método de Patey e Scarff foi questionado pelos patologistas, mas foi posteriormente modificado por Bloom(8)(9) e por Bloom e Richardson(10) do mesmo Middlesex Hospital de Londres (pasmem os patologistas: o primeiro um radioterapêuta e o segundo um cirurgião). Eles deram mais atenção ao número de mitoses e criaram o sistema numérico. Estudaram o arranjo tubular, o pleomorfismo nuclear e o índice de mitoses, cada um deles com escores 1, 2 ou 3. Se o tumor exibe um arranjo tubular em mais de 75% dos cortes estudados é escore 1, se mostra de 10 até 75% de túbulos é 2 e quando mostra menos de 10% é escore 3. O formato nuclear ou pleomorfismo nuclear resulta da comparação dos núcleos tumorais com os núcleos normais do tecido mamário: quando são semelhantes será escore 1, quando são muito diferentes e pleomórficos será escore 3 e quando de formato intermediário, será escore 2.
A soma dos escores dos três parâmetros será no mínimo 3 e no máximo 9. Quando é 3, 4 ou 5, o GHP será 1; quando é 6 ou 7 será 2 e quando a soma é 8 ou 9 será 3. Conceitualmente os tumores com GHP1 tenderão a ser menos agressivos que os de GHP3. O GHP pode ser aplicado a todos os tumores malignos da mama apesar das especificidades de cada um, mas seu uso é obrigatório no CDI.
Este método, conhecido como método de Scarff, Bloom e Richardson (SBR), foi adotado pela Organização Mundial da Saúde em 1968(11).
Baseados em trabalhos prévios(12), foram Elston e Ellis, de Nottingham, Inglaterra(13), quem modificaram o método de contagem de mitoses e vincularam o número de mitoses contadas em 10 campos ópticos de maior aumento (CMA, x400) ao tamanho deste campo óptico. Por exemplo, em microscópios em que o campo mede 0,152 mm², a contagem de até 5 mitoses por 10 CMA é escore 1; 6-10 escore 2 e mais de 10 escore 3. Em outros microscópios de campo óptico diferente deve ser utilizada uma tabela específica de conversão.
Por estes motivos, o GHP é conhecido como de SBR modificação de Nottingham (SBR-N)(14)(15)(16).
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Referências bibliográficas
(1)Elston CW, Ellis IO. Assessment of histological grade. In: Elston CW, Ellis IO (eds.). The Breast, Systemic Pathology, Vol. 13, 3rd ed. Edinburg: Churchil Livingstone, 1998;365-384.
(2)Broders AC. Squamous-cell epithelioma of the lip. JAMA 1920;74:656-664.
(3)Broders AC. Squamous-cell epithelioma of the skin. Ann Surg 1921;73:141-160.
(4)Greenhough RB. Varying degress of malignancy in cancer of the breast. J Cancer Res 1925;9:452-463.
(5)Patey DH, Scarff RW. The position of histology in the prognosis of carcinoma of the breast. Lancet 1928;1:801-804.
(6)Patey DH, Scarff RW. Further observations on the histology of carcinoma of the breast. Lancet 1929;ii:492-494.
(7)Scarff RW, Handley RS. Prognosis in carcinoma of the breast. Lancet 1938;ii:582-583.
(8)Bloom HJG. Prognosis in carcinoma of the breast. Br J Cancer 1950a;4:259-288.
(9)Bloom HJG. Further studies on prognosis of breast carcinoma. Br J Cancer 1950b;4:347-367.
(10)Bloom HJG, Richardson WW. Histological grading and prognosis in breast cancer. A study of 1409 cases of which 359 have been followed for 15 years. Br J Cancer 1957;11:359-377.
(11)Scarff RW, Torloni H. International Histological Classification of Tumours, Nº 2. Histological Typing of Breast Tumours. World Health Organization: Geneva, 1968.
(12)Ellis PSJ, Whitehead R. Mitosis counting – a need for reappraisal. Hum Pathol 1981;12:3-4.
(13)Elston CW, Ellis IO. Pathological prognostic factors in breast cancer. I. The value of histological grade in breast cancer: experience from a large study with long-term follow-up. Histopathology 1991;19:403-410.
(14)Frierson HF Jr, Wolber RA, Berean KW et alii. Interobserver reproducibility of the Nottingham modification of the Bloom and Richardson histologic grading scheme for infiltrating ductal carcinoma. Am J Clin Pathol 1995;103:195-198.
(15)Rakha EA, El-Sayed ME, Lee AHS et alii. Prognostic significance of Nottingham histologic grade in invasive breast carcinoma. J Clin Oncol 2008;26:3153-3158.
(16)Rosai J. Surgical Pathology. 9th ed. St Louis: Mosby, 2004, p. 1825.
sexta-feira, 22 de janeiro de 2010
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formaçao tubular 2;pleomorfismo2;mitoses;1 quero saber do resultado bom ou ruim
ResponderExcluirSe este procedimento foi adotado pela OMS com certeza o resultado foi bom, imagino...
ResponderExcluirTambém se usou na citopatologia até hoje em dia.